terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Vôo do Surf Capixaba.


Neste artigo, nosso articulista colaborador e freesurfer, faz um desabafo panorâmico sobre o surf capixaba profissional.
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Nunca fui muito ligado nas competições estaduais, aliás, como todo “freesurfer” sempre fico meio chateado quando alguma competição, seja de nível profissional ou amador, é realizada no meu pico, no Ulé, por juntar tanto “haole” e gente estranha ao mesmo tempo, fora a garotada que arruma a maior bagunça dentro d’água e tira qualquer um do sério! Mas nunca deixei de torcer e acompanhar os surfistas capixabas nos campeonatos nacionais e também internacionais. Analisando bem essa questão, dá para chegar a uma conclusão do porque o “pouco caso” com o surf capixaba, e olha que sou surfista, justamente quem deveria dar mais atenção. Será?

Arrisco-me em dizer sem cerimônias de que o surf profissional capixaba NÃO EXISTE! O que existe aqui em nosso querido estado é a garra, determinação e vontade de alguns que escolheram viver do surf, mas se aqui ficarem NADA conseguirão como profissionais, o máximo é um troco para o pedágio da Rodosol a caminho de Setiba.

Mas por quê? Qual o motivo de não termos um surf com um circuito forte proporcionando o profissionalismo de atletas e de pessoas ligadas ao meio? Seria pela falta de picos com ondas de qualidade sendo que praticamente só temos Regência como onda de nível nacional e internacional? Seria pelo baixo nível técnico dos atletas como conseqüência dos picos de ondas tão irregulares como as de Jacaraípe e Ulé (picos mais freqüentados), ou pela falta de investimentos ao segmento impossibilitando a profissionalização dos atletas locais não permitindo que os mesmos vivam do surf e se dediquem a ele integralmente? 

Bom, muitos com certeza dirão:
 “- falta investimento!” 

Será mesmo? Mas o que é preciso para conseguirmos que as empresas locais invistam no esporte? E as que já investem? Porque não investem mais? Entendo que o investimento tem que se justificado com o devido retorno financeiro, caso contrário fica inviável injetar grana e por em risco a saúde financeira da empresa, isso é óbvio, então vem a pergunta: o surf capixaba é um bom negócio? Tá na cara que não! E de fato, se analisarmos como “capitalistas”, chegaremos a uma conclusão de que não é um bom negócio –ainda – investir no esporte aqui no Estado, devido ao inexpressivo número de praticantes como o de potenciais consumidores  que compram a imagem do esporte que é justamente o que as empresas exploram! 

Mas o que fazer então? 

O que penso a respeito vai muito além desse simples assunto, levaria linhas e linhas para colocar toda uma dissertação a respeito do que acho que deveria ser feito, o que não vem ao caso, mas digo uma coisa que tenho certeza! Investir nos talentos leva qualquer esporte a ser mais atrativo, pois eles conseguem repercussão e atraem a mídia não só a especializada como também a não especializada, elevando o número de pessoas interessadas e com isso aumentando o “consumo da imagem” do esporte e o transformando em um bom negócio. Só que esse investimento é de longo prazo, e fazê-lo não é tão simples como se pensa. 

Foram muitos os atletas que se destacaram e ganharam repercussão aqui no Espírito Santo, atraindo a mídia nacional e conseguindo de certa forma evidenciar e dar retorno aos seus patrocinadores. Mesmo com o pouco conhecimento que tenho sobre a história profissional do surf aqui no Estado, desde Nelson Ferreira ,  que venceu uma etapa do brasileiro e terminou em quinto no ranking nacional que não vejo um atleta com tanta projeção como o Krystian Kymerson.

Lembro-me quando o via ainda moleque se jogando nos buracos do Ulé!  Krystian surfa fácil, com um posicionamento e leitura de onda fantástica! Vendo-o surfar é uma lição a ser tomada! As valinhas do Barrão aliadas ao seu talento e aos ensinamentos de seu pai, que sempre o acompanha, “esculpiram” um surfista muito forte! E isso vem se traduzindo em resultados!

Com apenas 18 anos eis o currículo do “muleque”:

3º Lugar no brasileiro PRO JR- junho 2010 Circuito ABRASP (Associação de Surf Profissional Brasileiro);
1° lugar Saquarema terceira etapa Seletiva PETROBRAS de surfe masculino – setembro – 2010;
5° lugar no ranking geral PRO JR Brasil ASP;
9° lugar no mundial PRO JR realizado em Bali - outubro 2010, pela WJT ASP (Word Junior Tour da Associação de Surf Profissional, que reúne os 48 melhores surfistas até 21 anos do mundo);
3° lugar no Oakley PRO JR realizado na praia de Joaquina;
5° lugar no estadual de surfe profissional do rio de janeiro 2010;
Quartas de final do campeonato paulista de surfe 2010;
Quartas de final do campeonato catarinense de surfe profissional 2010;
Campeão da Etapa Brasileira da CBS realizada no Espírito Santo em 2010;
Está entre os 10 melhores surfistas PRO JR do mundo;
Começou 2011 ganhando uma etapa do PRO JR na Austrália;
 3° lugar no ranking geral Australiano atual 2011 PRO JR;
Campeão brasileiro PRO JUNIOR 2011.

Tá bom ou quer mais?

O “KK” tem tudo para se tornar o maior surfista capixaba da história e fazer decolar o surf do Espírito Santo. Lembrando que por trás de seu talento e dedicação existe uma marca que vem investindo, tendo a coragem para encarar esse atual e difícil “cenário mercadológico”, para colher grandes frutos no futuro! 

Valorizar o trabalho que a UOT vem fazendo com o Krystian é fazer parte de um esforço para justamente tornar o surf capixaba mais forte. Hoje, o “KK” está no Hawaii, aprimorando o seu talento nas difíceis e pesadas ondas havaianas, fazendo o seu “PhD” para  tornar-se doutor no surf, na maior “faculdade” de surf do mundo! Levando as cores de nosso Estado, a nossa torcida e o logo da UOT no bico. Tenho certeza de que em breve a cobertura da temporada das principais revistas de surf do país ilustrarão o “KK Fly” em suas páginas, e a esperança de um futuro melhor para o surf profissional capixaba.


Go KK Go!!

“Aloha e Go Surforever!”

Eduardo Machado

2 comentários:

Fabricio Meira disse...

Não apenas o surf capixaba mas o esporte em geral no Espírito Santo ainda engatinha. Mas já podemos ver bons frutos que com toda a dificuldade do dia a dia, estão fazendo a sua parte e trazendo mais visibilidade para o nosso estado, que possui muitos talentos esperando por apoio. Meu amigo. Parabéns pela coluna. Um grande abraço.

Fabricio Meira disse...

Não apenas o surf capixaba mas o esporte em geral no Espírito Santo ainda engatinha. Mas já podemos ver bons frutos que com toda a dificuldade do dia a dia, estão fazendo a sua parte e trazendo mais visibilidade para o nosso estado, que possui muitos talentos esperando por apoio. Meu amigo. Parabéns pela coluna. Um grande abraço.