quinta-feira, 30 de julho de 2009

Você sabe decifrar o swell?


Quando o assunto é a previsão, sempre pinta os "gurus do surf", que sempre acham que sabem tudo de direção e swell, por diversas vi vários surfistas se sentido meio constrangido por não saber interpretar os famosos mapas de previsão.

Nesta matéria lhe ajudamos a decifrar os mapas e aprender a lidar com suas variações.

De onde o vento ou o swell vêm. Na comunidade marítima, direções são sempre definidas como a direção de onde o swell ou o vento estão vindo, não pela direção para onde estão indo. Graus usados são realmente graus, com o norte a 0 ou 360º (a partir daí contando no sentido horário), leste a 90º, sul a 180º e oeste a 270º. Nordeste pode estar em qualquer lugar entre 0 e 90º, sudeste entre 90 e 180º, sudoeste entre 180 e 270º e noroeste entre 270 e 360º.

Período do Swell
A variável tri-dimensional mais negligenciada. A maioria dos surfistas olha para as ondas de uma perspectiva bi-dimensional: tamanho da onda e direção. Mas as ondas precisam ser analisadas de uma perspectiva tri-dimensional, que também inclui o período do swell. Essa variável é o fator X. É a variável que determina o fazer ou o quebrar e tem um papel enorme no tamanho do swell. Isso porque:

1. Definhamento de ondas e a viagem. Quanto mais longo o período do swell, maior a energia que o vento transferiu para o oceano. Swells de períodos longos são capazes de segurar mais energia conforme viajam grandes distâncias cruzando o oceano. Swells de período curto (menos de 14 segundos entre as cristas das ondas) declinam conforme viajam pelo oceano e, portanto, são mais suscetíveis à diminuir por ventos opostos ou mares. Swells de período longo (maior do que 14 segundos) viajam com mais energia por baixo da superfície do oceano e há menos baixa, para que eles possam passar facilmente por ventos opostos e mares sem se afetar muito.

2. Conservando energia. Swells viajam como um grupo se ondas ou "em séries". Conforme o swell caminha, a onda da frente da série diminui de velocidade e cai para a última do grupo enquanto as outras ondas seguem em frente para conseguir essa posição. Aí a próxima onda na frente vai para trás e outra toma sua posição - como um cinto transportador que também segue em frente. É uma processo um pouco similar à técnica usada por corredores de bicicletas ou carros e possibilita que a séria conserve sua energia enquanto viaja grandes distâncias através do oceano. Trabalhando juntos para manter a energia.

3. Velocidade da onda. A velocidade do swell ou da série pode ser calculada multiplicando o período do swell [lembrando: tempo entre as cristas] por 1,5. Por exemplo, um swell ou série com um período de 20 segundos viaja a 30 nós nas águas profundas. Um swell com um período de 10 segundos viaja a 15 nós. As ondas individualmente na verdade se movem duas vezes mais rápido do que a série ou o swell, logo a velocidade de uma onda isolada pode ser calculada multiplicando o período do swell por três. Então uma onda sozinha, com um período de 20 segundos, viaja a 60 nós pelas profundezas. De novo, pense na série como o cinto transportador que se move sempre à frente.

4. Precursores. Ondas de períodos longos se movem mais rapidamente do que ondas de período curto, então elas chegaram primeiro. As precursoras são as primeiras ondas do swell que viajam mais rápido do seu corpo principal. Geralmente, essas antecedentes são pulsos de energia com períodos de 18 a 20 segundos ou mais. O pico de energia de uma série geralmente alcança 15 a 17 segundos. O período do swell constantemente cai durante seu ciclo de vida conforme ele vai chegando à costa. Quanto maior a distância percorrida, maior a separação na chegada entre as ondas precursoras e o cume do swell.

Freqüentemente essas primeiras ondas a chegarem medirão apenas alguns centímetros mas poderão ser medidas pelas bóias e outros instrumentos oceanográficos sensíveis, algumas vezes você pode senti-las como um impacto leve no quebra-mar ou outras pedras. Surfistas com o olho afiado podem senti-las como um movimento do oceano com uma ondulação e correnteza extra. Mesmo com apenas alguns centímetros, essas antecedentes constituem grande quantidade de energia. LOLA usa dados da bóia em tempo real para separar essas ondas minúsculas do resto do swell, para conseguir identificar os primeiros sinais de um novo swell - antes que possamos vê-lo na praia.

5. Período do swell e profundidade do oceano. A profundeza na qual as ondas começam a sentir o fundo do oceano é metade do comprimento entre as cristas das ondas. Esse comprimento e o período do swell estão diretamente relacionados, logo podemos usar o período do swell para determinar a profundidade exata na qual as ondas começarão a sentir o fundo. A fórmula é simples: pegue o número de segundo entre os swells, eleve-o ao quadrado e aí multiplique por 2,56. O resultado é igual à profundidade em que as ondas começam a sentir o fundo do mar. Um swell de 20 segundos começará a senti-lo a 1,024' de água (20 X 20 = 400. E 400 X 2,56 = 1,024 pés). Em algumas áreas ao longo da Califórnia, isso acontece a quase 18 km da costa. Uma onda de 18 segundos sente o fundo a 829' de profundidade, uma de 16 segundos a 656', uma de 14 segundos a 502', uma de 12 segundo a 367', uma de 10 segundos a 256', uma de oito segundos a 164', uma de seis segundo a 92 pés e assim por diante. Como percebido acima, ondas de períodos longos são bem mais afetadas pelo fundo do mar do que as de período curto. Por essa razão, chamamos os swells de período longo de swell de chão (geralmente 12 segundos ou mais). Chamamos swells de período curto de swells de vento (11 segundos ou menos) porque eles são sempre gerados por ventos locais e geralmente não podem viajar mais do que algumas centenas de quilômetros antes de se dissiparem. Swells de chão de longo período (especialmente 16 segundos ou mais) tem a habilidade de assentar muito mais num pico de surf, algumas vezes 180º, enquanto swells de vento de períodos curtos não tem tanta capacidade porque só sentem o fundo quando é tarde demais.

6. Banco de areia. Quando as ondas se aproximam de águas rasas perto da costa, seu eixo mais baixo começa a se arrastar pelo fundo do oceano e o atrito diminui sua velocidade. A energia da onda abaixo da superfície do mar é empurrada para cima, causando o aumento do tamanho das ondas. Quanto maior o período do swell, mais energia há embaixo d'água. Isso significa que ondas de períodos longos crescem muito mais do que as de período curto. Uma onda de 3 pés, com um período de 20 segundos, pode se tornar uma onda que quebrará com 15 pés (mais do que cinco vezes seu tamanho por baixo da água dependendo da batometria do chão do oceano).
Conforme as ondas passam por águas rasas, elas se tornam íngremes e instáveis quanto mais energia é empurrada para cima, por fim alcançando um ponto em que as ondas quebram nas profundezas com 1,3 de sua altura. Uma onda de 6 pés quebra em 8 pés de água. Uma onda de 20 pés quebra em 26 pés de água. Uma onda que viaja por um fundo gradativamente raso se esfarelará facilmente, quebrando devagar. Enquanto uma onda que viaja por um fundo que de repente se inclina, como um recife, resultará em uma onda mais rápida e cavada. Conforme as ondas caminham para águas rasas, a velocidade e seu espaçamento diminuem (as ondas ficam mais devagar e mais próximas), mas o período do swell continua o mesmo.

7. Refração. Ondas focam a maioria de sua energia em águas rasas. Quando uma onda arrasta sua parte inferior por um fundo irregular, a porção da onda que se arrasta por águas rasas diminui de velocidade enquanto a porção que passa por águas mais profundas se mantém. A parte da onda que estava sobre águas profundas começa a se assentar ou curvar em direção às águas rasas - basicamente como as ondas curvam ou inclinam perto de pontos como Rincon ou Malibu. Esse processo é chamado refração. Gargantas de águas profundas podem aumentar significativamente o tamanho das ondas conforme a porção do swell se move mais rapidamente pela parte funda e se curva e se converge com a porção do swell sobre águas rasas.

Isso multiplica a energia nessa parte da onda, causando seu crescimento conforme ela se aproxima da costa. O efeito de um ponto profundo perto da praia é freqüentemente o motivo pelo qual vemos ondas enormes ao longo de um trecho de uma praia, enquanto talvez apenas a alguns metros as ondas são consideradas menores. Isso acontece em picos como Black e El Porto ao sul da Califórnia, e Mavericks ao norte. Lembre-se, quanto mais longo o período do swell, mais as ondas serão afetadas pela batometria do fundo do mar, mais elas se assentaram ao pico e mais as ondas crescerão em águas profundas.

publicação: 19/07/09

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