terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O surf nas Olímpiadas

O Surf nas Olímpiadas

por Henry Lelot

O surfe é hoje um esporte global, praticado em mais de 100 países de todos os continentes, por mais de 25 milhões de pessoas, de todas as idades, classes sociais, raças, religiões e gêneros. Segundo a International Surfing Association (ISA), um número de praticantes bastante superior ao da maioria dos esportes olímpicos.

Pai do Skateboard, Windsurf, Snowboard, Kitesurf, Wakeboard e de todos os esportes radicais praticados com pranchas, o surfe conta com enorme prestígio e popularidade entre os jovens de todo o planeta, razão pela qual está sempre presente nas campanhas de marketing e ajuda a vender cartões de credito, TVs LCD, carros, celulares, alimentos, moda praia, enfim, todo o tipo de produtos e serviços.


Pesquisas mostram que 8 em cada 10 jovens já pensaram em praticar surfe, e 10 em cada 10 consomem moda surf efetivamente. E os números do segmento reforçam as pesquisas: a multibilionária indústria do surf movimenta anualmente mais de 7 bilhões de euros (10 bilhões de dólares americanos), dos quais somente a Quiksilver, quinta maior marca esportiva do mundo, fatura mais de 1 bilhão de euros anuais, em um mercado onde proliferam escolas de surf, fábricas de pranchas, lojas, revistas e sites especializados, que vem crescendo em torno de 25 a 30% ao ano, fatos que evidenciam a relevância e influencia que o surf e seu estilo de vida, exercem sobre a cultura jovem mundial, como nenhum outro esporte o faz.

De acordo com os critérios do COI – Comitê Olímpico Internacional, o surf é considerado um esporte totalmente novo, e sua inclusão como esporte olímpico infelizmente é um tanto complexa, em função dos limites estabelecidos pelo próprio comitê. Para que sejam incluídos novos esportes, mesmo que mais relevantes e populares dentro do atual contexto mundial, alguns que já são olímpicos precisam ser excluídos, porem seus líderes tem direito a voto no Comitê, caracterizando um claro conflito de interesses. Seria como pedir para que eles cedessem ao Surf o espaço que seus esportes conseguiram conquistar com tanto esforço junto ao COI.

Segundo o venezuelano Fernando Aguerre, 15 anos à frente da ISA, as “Wave Pools” (piscinas com ondas), que vêm sendo produzidas por pelo menos 5 grandes empresas, com tecnologias cada vez mais avançadas, já proporcionam ondas padronizadas de excelente qualidade, o que possibilitaria a exclusão do fator sorte nas competições (uma vez que as condições do mar não podem ser controladas pelo homem), tornando a disputa mais técnica, em sintonia com os critérios do COI, que avaliam o esporte, sobretudo em função de sua capacidade em despertar maior índice de audiência na mídia televisiva.

Considerando que milhões de pessoas vivem longe dos oceanos, em lugares onde o surf não tem como ser praticado, o dirigente acredita ainda, que a profusão das piscinas com ondas, irá possibilitar que o esporte seja abraçado por um grande número de novos adeptos, que poderão desfrutar de maior saúde física e mental proporcionada pelo surf, tornando-o ainda mais popular mundialmente.
Piscina no Japão, com ondas de alta qualidade para competição:


A ISA tem concentrado sua atuação no desenvolvimento organizacional do surfe em países onde este ainda se encontra em estágio menos avançado, como a China, a Índia, os países Árabes, a África e a Korea, por exemplo, que acaba de fundar sua primeira Federação – “É uma questão de tempo para que o surfe venha a se tornar um esporte olímpico” afirma o presidente da entidade, que já iniciou campanha para inclusão do surf no Summer Games (Olimpíadas) de 2020.
A revista americana SURFER afirma que o Brasil é a terceira nação em numero de praticantes, com mais de 5 milhões de adeptos (ISA), perdendo por pouco para a Austrália e os EUA. Segundo a Brasmarket, o Surf é o esporte mais praticado no Brasil depois do futebol e também o que mais cresce, transmitindo hoje uma imagem de saúde, diversão e preservação do meio ambiente. No Brasil, existem apenas 7 esportes considerados profissionais, e o surf é um deles (Futebol, Surf, Automobilismo, Hipismo, Golfe, Tênis e Iatismo).


O gênero “surfwear” é o vestuário mais usado no dia-a-dia, na faixa dos 10 aos 35 anos de idade. Nosso mercado é o quinto maior do mundo, com mais de 400 empresas de confecção no setor. No campo do noticiário esportivo, podemos citar coberturas de algumas das principais redes de televisão, como ESPN (Brasil/Internacional), Sportv, Fox Sports, AXN, Rede Globo, Band Esportes e Rede Record, com grande retorno de audiência. Um exemplo são as etapas do circuito mundial profissional (WCT), transmitidas ao vivo pela internet, com publico estimado em mais de 1milhao de pessoas.

Terceira potencia do surf mundial, o Brasil já venceu inúmeras competições relevantes através de seus atletas, embora ainda não tenha conquistado seu primeiro título na divisão de elite, o World Championship Tour (WCT). Mas já podemos sonhar: o santista Adriano de Souza, melhor surfista da história do surfe brasileiro, e também um dos maiores surfistas do planeta na atualidade. O surf brasileiro passa por um processo de renovação e amadurecimento profissional, em que a nova geração percebe a necessidade de contar com uma estrutura multidisciplinar, para alcançar o alto rendimento esportivo e a excelência nas competições.

Aos atletas brasileiros nunca faltou talento, mas a nova geração, formada por atletas mais conscientes, está chegando com reais possibilidades de tornar o sonho realidade e transformar o Brasil, à exemplo do futebol, em primeira potência do surf mundial. E brasileiro que é brasileiro, nunca desiste…



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